Morre Pepe Mujica: deixa herança de justiça social e integração latino-americana
O ex-presidente uruguaio José Alberto “Pepe” Mujica, ícone da esquerda latino-americana, faleceu aos 89 anos em 13 de maio de 2025, após lutar contra um câncer de esôfago que se espalhou para outras partes do corpo. Ele era conhecido por sua vida simples, como o “presidente mais pobre do mundo”, que vivia em uma chácara e dirigia um fusca dos anos 1970, além de doar parte do salário para projetos sociais. Mujica, que governou o Uruguai de 2010 a 2015, promoveu políticas progressistas, incluindo a descriminalização do aborto, a legalização da maconha e a igualdade no casamento. Sua morte foi anunciada pelo presidente uruguaio Yamandú Orsi, que destacou sua influência política e sua dedicação ao povo.
Antes de se tornar presidente, Mujica foi guerrilheiro do Movimento de Libertação Nacional Tupamaros, grupo que enfrentou a ditadura civil-militar no Uruguai (1973-1985). Sua atividade resultou em 14 anos de prisão, tortura e experiências traumáticas, que ele relatou em entrevistas. Após o fim da ditadura, ele se envolveu na política, contribuindo para a criação da Frente Ampla, que levou à eleição de seu governo. Mujica também defendia a integração latino-americana, acreditando que a união da região era essencial para enfrentar desafios globais. Sua visão de solidariedade e justiça social o tornou uma referência internacional, inclusive ao ser condecorado pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva em 2024.
Mujica é lembrado por suas reflexões filosóficas e pela ética de vida que inspirou movimentos sociais. Ele destacava a importância de agir com propósito, mesmo sem mudar o mundo, e enfatizava a necessidade de colaboração entre os países latino-americanos. Sua morte marcou o fim de uma era, deixando um legado de luta pela igualdade, sustentabilidade e integração regional. Seu legado permanece em políticas públicas que promovem inclusão e em debates sobre o papel da América Latina no cenário global.